segunda-feira, setembro 26, 2011

Síntese Orgânica, minha brincadeira favorita!

  Bem, o primeiro post versará sobre o que eu faço da vida. Vou descrever em linhas gerais a área que eu atuo dentro da química e vou mostrar, também em linhas gerais, porque é importante se fazer pesquisa em síntese orgânica. Vou fazer isso porque tenho observado certa curiosidade por parte de alguns colegas cujo trabalho e/ou foco na pesquisa não tem a ver com química. E é claro que a curiosidade de todos  sobre esse  assunto pode ser o ponto de novas discussões.
  Alguns dizem que a síntese orgânica é uma área da química orgânica. Isso não tem somente a ver com o próprio nome, mas também com a ideia, até mesmo dentre os químicos, de que os atuantes na área só compreendem o comportamento e manipulam compostos orgânicos. Para outros, grupo no qual me incluo, a síntese orgânica é um nome equivocado para uma área muito maior: A síntese química de um modo geral. Desde sempre o químico orgânico sintético teve que entender o comportamento e manipular compostos orgânicos E inorgânicos para realizar reações químicas. O próprio Friedrich Wöhler, reconhecido como o pai da síntese orgânica, aqueceu um composto inorgânico, o cianato de amônia, convertendo-o a ureia. A ureia, que por sua vez só era encontrada na urina humana (!!), era uma substância “orgânica”, isso porquê acreditava-se naquela época que um composto orgânico só podia ser obtido a partir de um ser vivo, e não a partir de um corpo não vivo (como um mineral) ou pela síntese como eram obtidos os compostos inorgânicos. Essa ideia, que fazia parte das ideias do “vitalismo” ou teoria da “força vital”, sucumbiu no periodo em que Wöhler reportou este experimento, o que coincide com o nascimento da síntese orgânica.
  Então, a síntese orgânica tem como objetivo principal o preparo de moléculas complexas de interesse químico, tecnológico e farmacológico ou que de algum modo promova o bem-estar do ser humano, através de reações químicas bem conhecidas e utilizando materiais de partida disponíveis comercialmente (derivados do petróleo ou até mesmo de origem sintética). Dentre os químicos sintéticos, há o consenso de que, ao longo da história da humanidade, isto tem sido feito com tanta elegância e elevado grau de sofisticação (haja visto todos os prêmios nobel por contribuições a área) que a síntese orgânica pode ser denominada como a “arte de sintetizar moléculas”. Seria muito estranho se eu não dissesse (rsrsrs) que o químico sintético para mim é um escultor molecular e, de um modo mais técnico, um arquiteto e ao mesmo tempo engenheiro molecular. (Artigos e livros célebres da área como o “Classics in total synthesis” e  o “Organic Synthesis: The disconnection approach” mostram claramente o que eu estou dizendo. Nos links vocês podem encontrar os pdf´s deles).
  Para fechar, porque eu resolvi enfatizar os interesses da síntese orgânica? Com eles eu mostro a importância dessa área. Bem, eu posso dividir a síntese orgânica basicamente em duas vertentes: A metodológica e a voltada para a síntese total de produtos naturais. Na metodológica, o enfoque principal atual é no desenvolvimento de reações químicas cada vez mais eficientes, que realizem transformações que conduzam a moléculas cada vez mais complexas e versáteis em um pequeno número de etapas (o que atende a todos os interesses acima citados), sob condições brandas (pouco gasto energético) e cada vez mais limpas (sem subprodutos ou resíduos nocivos a saúde e ao ambiente). Já a área voltada a síntese total consiste no desenvolvimento de uma estratégia sintética (uma sequência de etapas reacionais sem o auxilio de processos biológicos) que conduzam a uma molécula orgânica complexa, que é geralmente um produto natural de origem animal ou vegetal que já possui ou tem potencial bioativo, mas que é obtido em pequenas quantidades da sua fonte natural.  Notável nessa vertente é também a inspiração e o estimulo ao desenvolvimento de novas metodologias, provocados pelo desafio imposto pela estrutura da molécula alvo. Isso é tão importante que uma das etapas cruciais na determinação estrutural de um produto natural é a sua síntese, e existem vários casos em que a síntese elucida a real estrutura, mostrando que a caracterização realizada após o isolamento estava equivocada.
  Com isso acho que fica claro que praticamente todos os fármacos, plásticos, ingredientes de cosméticos, conservantes, essências, inseticidas, sabões, detergentes e outros agentes de limpeza e detetização, dentre outras coisas que utilizamos/consumimos sem nos questionar de onde vieram,  tiveram sua origem, ou uma pequena passagem, num laboratório de síntese orgânica, quer seja na indústria, quer seja na academia.
Bom, é isso que eu faço, vou parar por aqui. Galera, para que esse blog ande preciso de dúvidas e criticas. Dai eu faço um post respondendo e assim vamos seguindo. Espero que curtam!

quinta-feira, setembro 15, 2011

"O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência." Henry Ford

Estava eu devagando pela internet quando tive a velha idéia de fazer um blog onde eu pudesse expor e questionar idéias, opniões e tentar unir todos os meus amigos das mais variadas áreas das ciências e tecnologia. Enfim, trocar idéias, aprender cada vez mais e até quem sabe "ativar" mentes para a ciência. Vim aqui no Blogger e achei meu velho blog de 2007 chamado "Químicosofando". Mudei o nome porque nessa época eu não bebia cerveja e nem sabia das dimensões que a ciência tem, ainda mais com ela na mente. Então, O blog do Zé é o novo nome e consiste num buteco ciêntifico virtual. Pouca formalidade, muita amizade e nada de prepotência. Não há espaço aqui para aqueles que se acham os donos da verdade. E caso alguém não ache isso de si mesmo, não se preocupe porque estou apto para deixar bem claro. Aliás, não só eu, tenho uns dois ou três velhos e grandes amigos que são especialistas nisso! Espero que eles apareçam por aqui.

Enfim, aqui o que interessa é a ciência, ou seja, TODAS AS CIÊNCIAS, humanas e naturais... Embora eu não esteja apto pra falar muito sobre nenhuma das duas, sou curioso e cara de pau o suficiente para provocar discussões e provavelmente irei precisar da ajuda de alguns colegas. Vamos tentar discutir atualidades e curiosidades. E no bom e velho baianês VAMO QUE VAMO!

Como dizia o velho Einstein: "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."